KELÊ E RESGUARDO PÓS FEITURA

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Após a saída do roncó (cerimônia do nome), o iniciado permanecerá de resguardo até a queda de kelê, por um período de três meses. Durante este período está proibido utilizar outra cor de roupa que não seja branco da cabeça aos pés, não poderá fazer uso de bebidas alcoólicas e cigarro. Não pode sair a noite, fazer sexo, e deverá respeitar os horários de 6:00, 12:00, 18:00 e 00:00. E até que se complete um ano, outros preceitos continuarão, como: não tomar banho de mar/rio, não ir para a festa de carnaval e não frequentar ambientes com grande volume de pessoas que fazem uso de bebidas alcoólicas.

O kelê é um colar que representa a existência do Orixá na pessoa. É algo que precisa ser protegido, não deve ser visto pelos outros e apenas o sacerdote poderá tocá-lo. É por isso que é tão necessário respeitar essa joia.

Na atualidade, todo mundo precisa trabalhar para garantir seu sustento, e nem sempre há condições da pessoa ficar três meses no terreiro se resguardando. E para esses casos, faz-se um acordo com o Orixá, remove-se o Kelê (ou permite que a pessoa continue usando coberto pela roupa ou um lenço branco) e retira as quizilas de objetos cortantes, espelho, fogo, etc, a fim de que esse iniciado se restabeleça em sua vida cotidiana normalmente, e entretanto, deverá manter as várias restrições de horário, cor, rua, comida, sexo, álcool, mar, rio, etc.

Nesses três meses, mesmo de volta a sua vida civil, o iniciado não poderá se aborrecer e tampouco estar envolvido em confusões, pois deverá lembrar-se que nesses três meses o correto seria estar dentro do terreiro, dormindo no roncó, assim como reza a tradição.

É imprescindível salientar que essas são regras para TODOS OS CARGOS, seja para um Yawô, Ogã ou Ekede, pois os três meses é o período que o iniciado precisa viver em comunhão com seu Orixá, e todos os dias desenvolver o axé dentro de si, nas atividades relacionadas a sua religião. É assim que se aprende e se aprimora os conhecimentos já recebidos.

Heide D`Oxum

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